MAURÍCIO TUFFANI,
Editor
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As taxas mensais de desmatamento na Amazônia, que estavam em tendência de queda de agosto do ano passado a janeiro deste ano e voltaram a crescer de fevereiro a abril, mantiveram essa recente tendência de alta em maio, segundo relatório divulgado na tarde de ontem, quinta-feira (16/6) pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). No gráfico a seguir, as últimas quatro barras vermelhas ilustram essa reversão de fevereiro a maio não só em relação à tendência de queda nos seis meses anteriores, mas também em comparação ao mesmo período em 2015.
Taxas mensais de corte raso em florestas na Amazônia Legal
(agosto/2014 a maio/2015)

Gráfico: Boletim do Desmatamento da Amazônia Legal (maio de 2016) SAD, Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Outra má notícia e uma ‘boa’
Assim como os poucos sites que ontem noticiaram o relatório do SAD, O Eco informou corretamente que os dados de maio mostram um corte raso total de floresta de 474 km², ou seja, 22% maior do que em relação a maio de 2015, quando esse sistema do Imazon detectou 388 km². A boa notícia — por enquanto, pois ainda faltam junho e julho para fechar a conta anual — é que a extensão do corte raso das matas acumulado desde agosto atingiu 2.068 km², isto é, 10% menos que os 2.286 km² registrados ano-calendário de monitoramento anterior , iniciado em agosto de 2014.
Erro d’O Globo
Na chamada grande imprensa, somente O Globo repercutiu esses dados, mas felizmente não na versão impressa de hoje, pois ainda dá para corrigir a matéria publicada ontem na edição on-line com o errôneo título “Desmatamento da Amazônia cresceu 22% em um ano, diz ONG”, que também apresentou confusamente o dado de maio de 2015 no subtítulo “Levantamento registrou área de 388 km² de floresta derrubada”. Isso serve também para outros veículos que reproduziram o equivocado texto.
Ranking dos desmatadores
Os estados com maiores índices de desmatamento foram Amazonas (37%), Rondônia (22%), Pará (21%) e Mato Grosso (15%), que em abril também foram os quatro com maiores ocorrências, mas não na mesma ordem. Continuaram como menos desmatadores Roraima (3%), Tocantins (1%) e Acre (1%). O relatório do SAD também destacou os municípios “campeões” da devastação, com a “medalha de ouro” para a cidade Lábrea (AM*), com 74,4 km², “prata” para Novo Aripuanã (AM*), com 44,7 km², e “bronze” para Porto Velho (RO), com 40 km².
Dados são subestimados
Como já foi informado por Direto da Ciência há duas semanas com a coluna “‘Pátria desmatadora’ voltou a atacar nos três últimos meses de Dilma” (3/6), esses dados são subestimados, pois o SAD é um sistema de monitoramento em tempo real, muito mais voltado à finalidade de alertar os órgãos responsáveis pela fiscalização, diferentemente do Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de São José dos Campos (SP), que fornece os dados consolidados definitivos, que neste ano devem ser anunciados após agosto. Ambos os sistemas usam satélites de observação. Mas uma das principais limitações do SAD é não poder computar no espaço de tempo de um mês áreas desmatadas cobertas por nuvens, que o Prodes consegue registrar ao final de cada ano-calendário do monitoramento que se encerra em julho, na estação mais seca.
Devastação é maior
Também como já explicamos na coluna do dia 3, esses números não correspondem a toda a devastação da Amazônia, pois além de considerarem apenas a área de floresta — isto é, não incluem cerrados e outros tipos de vegetação nativa —, eles abrangem somente as superfícies onde houve eliminação total da cobertura vegetal por meio de corte raso. Esses dados não levam contabilizam áreas muito degradadas pela extração seletiva de madeira e também por incêndios ocorridos anteriormente.
Maretti volta ao ICMBio
Claudio Maretti, que deixou o cargo de presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) na semana passada (9/6), foi nomeado ontem para o cargo de diretor de Ações Socioambientais e Consolidação Territorial em Unidades de Conservação do mesmo órgão, que é ligado ao Ministério do Meio Ambiente.
Zé Pedro retorna ao MMA
A notícia que corria desde o fim de maio de que José Pedro de Oliveira Costa voltaria para o cargo de secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA concretizou-se hoje com o decreto na mesma página do Diário Oficial da União que trouxe a nomeação de Maretti. Zé Pedro, como é mais conhecido, exerceu a mesma função de 1999 a 2002, então sob o comando do ministro Sarney Filho (na época do PFL, hoje do PV-MA), na segunda gestão do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP). Arquiteto com mestrado pela Universidade da Califórnia e doutorado pela USP, ele foi secretário estadual do Meio Ambiente de São Paulo de 1986 a 1987, quando a pasta ainda era uma pequena estrutura ligada ao gabinete do governador Franco Montoro (então PMDB, depois PSDB). Nos últimos anos Zé Pedro foi assessor da Secretaria do Meio Ambiente do estado.
Destaques na internet
Seleção de artigos, reportagens e outros textos publicados on-line desde a coluna de ontem.
Agência Câmara Notícias
Agência Gestão de CT&I
- Energias renováveis não hidráulicas precisam de mais incentivos para baixar custos
Leandro Cipriano - Inscrições abertas para ação que incentiva o empreendedorismo entre cientistas
Agência Pública
- A Funai pede socorro
Ciro Barros e Iuri Barcelos
Blog do Pedlowski
- Em carta a editores da Nature, Jeffrey Beall conclama ação coletiva contra os jornais de trash science
Marcos Pedlowski
Café na Bancada
- O que de fato sabemos sobre a fosfoetanolamina – uma visão científica
Natalia Pasternak Taschner
Capes – Notícias
O Eco
- Agora é oficial: Rômulo Mello volta ao comando do ICMBio
- Desmatamento na Amazônia tem alta em maio, mas acumulado mostra queda
Época
- Câmara quer liberar carro a diesel no Brasil. Prepare os pulmões
Bruno Calixto | Blog do Planeta
O Estado de S. Paulo
- Votação do projeto do carro a diesel fica para semana que vem
Giovana Girardi | blog Ambiente-se - Pesquisa aponta que 82% dos municípios não têm coleta seletiva
Luísa Martins | Brasília - Governo responsabiliza empresas por tragédia em Mariana
Jamil Chade e Leonardo Augusto | Genebra - Um balanço inquietante na área do meio ambiente
Washington Novaes | Opinião - MEC anuncia abertura de 75 mil vagas do Fies para o 2º semestre
Carla Araújo | Brasília
Folha de S.Paulo
- Governo federal amplia limite de renda para acesso a bolsas do Fies
Gustavo Uribe | Brasília - Fórum Saúde em Tempo de Recessão (caderno especial)
O Globo
- MinC recebe recursos para quitar pagamentos em atraso
- Zika é oportunidade para ciência brasileira
Wanderley de Souza | Opinião - Instituição fundamental: É contundente a resposta da comunidade científica brasileira, mostrando sua capacidade de enfrentar problema complexo e que envolve abordagem multidisciplinar
Renato Lessa | Opinião
InforMMA
Jornal da Ciência (SBPC)
- Proposta da reforma do Ensino Médio deve intensificar debate no País
Viviane Monteiro | Brasília
Lúcio Flávio Pinto
MCTI – Notícias
- Ministro defende que investimentos em ciência e tecnologia alcancem 2% do PIB
- Ministro aposta na recomposição do orçamento para ampliar recursos em 2017
Ministério da Educação
Nature
- Ban predators from the scientific record
Jeffrey Beall
The New York Times
- Apple Faces an Artificial Intelligence Challenge
Quentin Hard | Bits
Retraction Watch
- Internet trolling paper published email without consent; retraction sparked lawsuit threat
Shannon Palus - Nutrition researcher loses two more papers after misconduct findings come to light
Alison McCook
SciELO em Perspectiva
- Zika Fast Track
Hooman Momen e Adeilton Brandão
Scholarly Open Access
- Thai Researcher Has Hundreds of Publications, Except …
Jeffrey Beall
Science
- House panel, agencies oppose boost in basic research tax
Jeffrey Mervis | Science Insider - Fusion megaproject confirms 5-year delay, trims costs
Daniel Clery | Science Insider
Valor Econômico
- Na crise, a chance de fazer uma revolução na educação
João Batista Araujo e Oliveira | Opinião - O que devemos mudar na educação?
Naercio Menezes Filho | Opinião - Canadian Solar vai investir R$ 2,3 bi no Brasil em geração
Camila Maia | São Paulo - Alvo de fusão, Estácio muda comando
Beth Koike | São Paulo - Sindicato defende preço fixo de livro
Joselma Aguiar | Eu & Fim de Semana
* Correções feitas em 19/6 às 19h13. Os municípios de Lábrea e Novo Aripuanã foram erroneamente indicados como dos estados do Pará e Mato Grosso, respectivamente. Os erros se deveram à própria tabela do relatório do SAD/Imazon, certamente devido a problema de digitação, pois o texto indica corretamente ambos os municípios no Amazonas.
Na imagem acima, toras de madeira extraídas ilegalmente da terra indígena Manoki, em Juína, em Mato Grosso, apreendidas pelo Ibama em 16 de maio. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.
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