Contratado pela Fundação Florestal, presidente do partido em Marília foi convidado pelo secretário estadual do Meio Ambiente, Ricardo Salles
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MAURÍCIO TUFFANI,
Editor
Para chefiar a Estação Ecológica de Bauru, a Fundação Florestal de São Paulo (FF) contratou no dia 13 o presidente do Partido Progressista (PP) em Marília, Rogério Alexandre da Graça, que foi condenado em julho de 2015 por crime ambiental pela Justiça Federal. “Rogerinho”, como é conhecido na região, confirmou a Direto da Ciência que foi convidado para o cargo pelo secretário estadual do Meio Ambiente Ricardo Salles, também do PP.
O chefe da estação ecológica disse que está recorrendo contra a condenação por ele ter ordenado em junho de 2013, quando era diretor adjunto da Companhia de Desenvolvimento de Marília (Codemar), a extração e o transporte de terra sem a autorização do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), segundo o Ministério Público Federal, o que teria violado a Lei de Crimes Ambientais (artigo 55) e o Código de Mineração (artigos 2º e 3º).
No entanto, em decisão tomada no dia 7, o desembargador Mairan Maia, vice-presidente do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, negou a admissão do recurso extraordinário interposto por Rogério Alexandre da Graça contra a condenação decidida pela 1ª Vara da Justiça Federal de Marília.
Segundo o chefe da estação ecológica, a condenação foi indevida porque a ordem de extração e transporte de terra para tapar buracos de ruas teria partido do diretor-presidente da Codemar, Sérgio Jesus Hermínio. No entanto, o juiz federal Alexandre Sormani entendeu que a ordem teria sido decidida pelo próprio Rogério Alexandre da Graça, então diretor-adjunto em substituição de seu superior, que estava afastado do trabalho por doença e morreu no mês seguinte, em julho de 2013.
O chefe da estação ecológica confirmou também ter sido condenado por furto pela 3ª Vara Criminal de Marília em novembro do ano passado, tendo recebido a pena de reclusão de um ano e seis meses, que foi substituída por prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período. Ele afirma que teria conseguido “anular” a condenação, o que não pôde ser confirmado devido ao fato de o processo estar em segredo de Justiça, segundo o site do TJ.
Aparelhamento político
Questionado por telefonema pela reportagem sobre se tem qualificação para ser gestor de uma unidade de conservação, Rogério Alexandre da Graça respondeu que é formado em administração e foi convidado por Salles para “enfrentar o desafio administrativo de gerenciar o escritório regional de Bauru da Secretaria do Meio Ambiente”.
Essa afirmação foi semelhante à seguinte declaração atribuída a ele na semana passada pelo Jornal do Povo, de Marília.
(…) recebi um convite do secretário do Meio Ambiente do Estado, Ricardo Sales, que é meu amigo, pra assumir a Diretoria do Meio Ambiente do Estado na Regional Bauru. Por isso sai e na segunda assumo em Bauru.
No entanto, a portaria da FF publicada no dia 13 no Diário Oficial do Estado estabeleceu a designação de Rogério Alexandre da Graça para “responder pelo expediente da Estação Ecológica de Bauru” a partir do dia 17, segunda-feira. Criada em 1987, a unidade tem cerca de 288 hectares.
Criada em 1986, a Fundação Florestal possui 414 cargos, dos quais 100 (24,2%) são comissionados, inclusive todos os 51 de chefes de unidades de conservação. A instituição tem sido acusada de fazer uso político desses postos, como mostraram as reportagens “Ambientalistas veem aparelhamento político em UCs de São Paulo”, de O Estado de S. Paulo (26/ago/2013), e “Grupo é alvo de sindicância após criticar ex-secretário de Alckmin” (15/out/2015), da Folha de S.Paulo.
No fim de março, o Estadão noticiou a nomeação da esposa de um vereador e político para a gestão do Parque Estadual Nascentes do Paranapanema e da Área de Proteção Ambiental da Serra do Mar, ambas totalizando cerca de 425 mil hectares (“SMA nomeia esposa de vereador e político local para gerir unidades de conservação no Vale do Ribeira”, 30/mar).
Procurado pela reportagem por meio de sua assessoria de imprensa, o secretário estadual do Meio Ambiente, Ricardo Salles, não se pronunciou, até a publicação desta reportagem sobre a designação de Rogério Alexandre da Graça pela Fundação Florestal para a chefia da Estação Ecológica de Bauru.
Na imagem acima, peça publicitária de Rogério Alexandre da Graça, presidente do PP em Marília (SP). Imagem: blog Rogério Alexandre da Graça/Divulgação.
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esse secretario do meio ambiente de sp deve saber muitos podres do alckimin e de seu governo senao ja teria sido defenestrado ha tempo
É desse jeito que o Ricardo Salles quer Endireitar o Brasil?