MAURÍCIO TUFFANI,
Editor
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No primeiro semestre de 2011 em São Paulo, quando a elevação do preço do etanol em São Paulo induziu a opção de motoristas de veículos flex pela gasolina, cresceu cerca de um terço a concentração atmosférica de partículas com diâmetro inferior a 50 nanômetros de diâmetro e que penetram facilmente nos alvéolos pulmonares, causando problemas respiratórios e cardiovasculares. A conclusão é de um estudo cuja publicação está prevista para esta segunda-feira na revista Nature Communications.
“Os milhões de motoristas em São Paulo usam gasolina ou etanol de acordo com o preço. Nosso estudo mostrou que quando se usa mais etanol do que gasolina temos menos nanopartículas”, diz o professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP e um dos autores do estudo.
A pesquisa concluiu também que a concentração atmosférica dessas partículas na capital paulista diminuiu após o preço do etanol baixar, mostrando uma correlação muito estreita entre a escolha do combustível e as variações da quantidade desses poluentes, que são produzidos pela combustão.
Liderada por pelo economista Alberto Salvo, da Universidade Nacional de Singapura, a pesquisa teve também a participação do físicos Joel Brito, colega de Artaxo no Instituto de Física da USP, e do químico Franz Geiger, da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos. O estudo teve apoio da Universidade Northwestern, da Universidade Nacional de Singapura e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp)
O economista, o químico e os dois físicos usaram modelos estatísticos de econometria considerando dados de tráfego, comportamento do consumidor, tamanho de partículas e dados meteorológicos de janeiro a maio de 2011 coletados pelo grupo de pesquisa de Artaxo na estação do Instituto de Física da USP.
Artaxo ressaltou que órgãos ambientais, como a estatal Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e o Conselho nacional do Meio Ambiente (Conama), não regulam ou medem essas partículas muito pequenas. “Mas trabalhos recentes mostram que as nanopartículas têm um forte efeito negativo na saúde humana, o que confere mais uma vantagem no uso de etanol na redução da poluição do ar”.
De um modo geral, as agências de proteção ambiental em todo o mundo atualmente também não medem ou regulam partículas desse tamanho, que outros estudos demonstraram ser prejudiciais para a saúde humana, segundo nota da Universidade Northwestern. Na avaliação do químico Geiger, uso de biocombustíveis é agora uma questão global, sobretudo após a Europa e os Estados Unidos terem adotado essa escolha em larga escala.
“A opção por veículos elétricos ou movidos a biocombustíveis nas cidades pode resultar na redução desta partículas ultrafinas”, disse Salvo. “Com esse conhecimento, esperamos que mais dinheiro e recursos humanos sejam investidos na tentativa de entender e, possivelmente, monitorar essas partículas ultrafinas”, acrescentou o economista.
Recomendações
Leia também a reportagem “Troca de etanol por gasolina piora presença de nanopartículas no ar”, de Giovana Girardi, e seu blog Ambiente-se, no Estadão.
Sobre a tendência de mudança do uso de combustíveis pela energia elétrica em automóveis, recomendo a leitura do post “Será que Elon Musk assassinou o pré-sal?”, de Claudio Angelo, blog Curupira.
Ontem, domingo, Boletim de Notícias circulou excepcionalmente. Confira em “Boletim de Notícias, 16/jul: Falta dinheiro para ciência, mas não para comprar votos”.
Seguem os links das principais notícias de ciência, meio ambiente e ensino superior desde nossa edição de ontem.
Boa leitura.
Na imagem acima, a cidade de São Paulo vista da Pedra Grande, no Parque Estadual da Cantareira, próximo à divisa com o município de Mairiporã, em 10 de maio de 2014. Foto: Maurício Tuffani/Direto da Ciência.
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