Documento da Sociedade Rural Brasileira aponta perda de 45 dos 83 deputados do ‘núcleo duro’ da Frente Parlamentar Agropecuária
MAURÍCIO TUFFANI,
Editor
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A Sociedade Rural Brasileira (SRB) contabiliza que nas eleições de domingo (7) perdeu 143* dos 234 e deputados e 26 dos 28 senadores de sua bancada de apoio no Congresso. No entanto, a entidade entende que a renovação de 51% das cadeiras na Câmara e de 85% no Senado trouxe “um crescimento expressivo” de parlamentares “com uma visão pró-mercado, vindo de partidos tido como de centro-direita e direita, que, inicialmente, são alinhados com demandas e ansiosa de setor agropecuário”.
“Essa tendência poderá contribuir com o fortalecimento e ampliação da representação do agro brasileiro no Congresso Nacional”, avalia a SRB em seu documento “Análise dos resultados das eleições – Impactos na representação do agro”.
A entidade informou a Direto da Ciência que elaborou o relatório com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) compilados pelo Instituto Pensar Agro, criado em 2011 e que congrega 54 entidades do agronegócio brasileiro e dá suporte à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
‘Núcleo duro’
O documento aponta que não foram reeleitos 45 dos 83 deputados do chamado “núcleo duro” da FPA, como é chamado o grupo dos parlamentares considerados mais atuantes na defesa dos interesses do setor. Confira nos quadros reproduzidos a seguir.

Fonte: Sociedade Rural Brasileira, “Análise dos resultados das eleições – Impactos na representação do agro”.
No caso do Senado, a FPA conseguiu eleger 6 novos integrantes que atualmente são deputados, como mostram os quadros a seguir.

Fonte: Sociedade Rural Brasileira, “Análise dos resultados das eleições – Impactos na representação do agro”.
Ascensão antiambientalista
O documento da SRB ressalta a perda de espaço de partidos tradicionais, como o MDB, o PSDB, o PTB e o PT e o “crescimento de partidos menores, com amplo destaque para o PSL”, do deputado Jair Bolsonaro, que tem atualmente um deputado e elegeu 52.
A vitória nas urnas de candidatos ligados ao “bolsonarismo” e à chamada “bancada da bala” deixou menos espaço para os ruralistas, observou Bruno Stankevicius Bassi em sua reportagem “Aliada a Bolsonaro, Frente Parlamentar da Agropecuária reelege 52% de seus membros na Câmara”, no site De Olho nos Ruralistas.
A ascensão do PSL sinaliza não só a “visão pró-mercado” mencionada na análise do documento da SRB, mas também a oposição às demandas ambientalistas. Em relação à conservação de recursos naturais, as propostas do candidato do PSL à Presidência da República são contrárias ao que defendem ecologistas e pesquisadores (“Ciência e meio ambiente vão do céu ao inferno nas propostas dos candidatos”).
A atuação da FPA tem sido decisiva no Congresso Nacional. E não só em temas relativos à agricultura e ao meio ambiente, como no projeto de lei de revisão da legislação de agrotóxicos, o chamado “Pacote do Veneno”. Em agosto e em outubro do ano passado, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados, representantes dessa bancada assegurara, mais da metade dos votos que impediram a autorização legislativa para o Supremo Tribunal Federal (STF) instaurar processos criminais contra o presidente Michel Temer (MDB) por lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
Confira a lista dos deputados e senadores reeleitos e não reeleitos da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), inclusive de seu “núcleo duro”, no documento “Análise dos resultados das eleições – Impactos na representação do agro”.
*Título e texto corrigidos às 19h42. Diferentemente do que afirmamos anteriormente, o total de 91 deputados se refere ao número de reeleitos para 2018 do total de 234 integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária, e não dos que não se reelegeram, que somam 143.
Na imagem acima, sessão da comissão especial para avaliar o projeto de lei de revisão da legislação de agrotóxicos da Câmara dos Deputados. Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados.
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